quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Fazer game não é brincadeira


Faltam profissionais capacitados para trabalhar com games em Pernambuco. Esse é o diagnóstico da recém-reestruturada Associação Internacional de Desenvolvedores de Games do Recife (IGDA) sobre o mercado local. Em uma cidade considerada pólo de tecnologia da informação e que sedia cerca de dez empresas desenvolvedoras de jogos eletrônicos, o recado dos profissionais para quem está começando é um só: estude!
O ex-sócio da Playlore, que agora está no Canadá trabalhando para a Electronic Arts, Chedwick Montoril, diz que, antes de tudo, é preciso que os jovens tenham consciência do mercado. “Não dá para achar que fazer games é contar historinhas. Como em toda profissão, há diretrizes rígidas que limitam a capacidade criativa da produção”, disse. Ched alerta, ainda, que para trabalhar na área é preciso ter vasto conhecimento cultural e uma visão globalizada. “Embora seja uma área bastante segmentada, é importante conhecer todo processo produtivo e ter background para criar com facilidade”, explicou.

Em uma estrutura macro, pode-se dizer que os profissionais de games se dividem nas seguintes funções: arte, programação, game designer e gerência. Cada um desses setores precisa de conhecimentos específicos, mas todos exigem aperfeiçoamento profissional, bom nível de inglês, estudo e dedicação. “Não podemos conceber que alguém que queira trabalhar com games não domine a língua inglesa. Ele poderia até desenvolver, no entanto seria mais difícil, pois toda a bibliografia voltada para a área é nesse idioma”, diz o sócio-fundador da I2 Tecnologia, Felipe Andrade.

Segundo os profissionais, outro ponto importante é aprender a enxergar o mercado. “Não dá para achar que, em Pernambuco, vamos construir games de última geração para competir com os títulos mundiais, como o Fifa soccer”, explica o dono da Playlore, Gustavo Galvão. As empresas pernambucanas, em geral, desenvolvem jogos casuais para celulares, ou terceirizam partes do processo produtivo do game. No caso da Playlore, a arte.

A exceção no Estado é a Preloud, que produz games inteiros de simulação, geralmente voltados para o público infantil. “Produzimos para a Europa, principalmente para a Alemanha. Como todos, gostaríamos de vender para o mercado nacional, mas não dá”, admite o sócio da Preloud, Bruce Souza. Para ele, o maior problema de produzir para o Brasil é a pirataria. Segundo os profissionais da área, apenas uma empresa brasileira – a Hoplon, sediada em Florianopólis – desenvolve games inteiros para PCs e consoles em âmbito mundial e de última geração.

E é justamente para ajudar o mercado de jogos eletrônicos de Pernambuco a se estruturar, que a IGDA organiza palestras e encontros. A intenção é orientar aqueles que aspiram trabalhar com desenvolvimento de games.

Chedwick Montoril, que também foi um dos idealizadores da volta da instituição, afirma que a idéia é evitar que o ecossistema local de games acabe. “Tememos o momento em que não seja possível o surgimento de novas empresas, devido à falta de profissionais. Muita gente está indo para fora rápido e não vejo profissionais capacitados em quantidade suficiente para suprir as lacunas”, adverte.

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